A Seleção: muito mais que um livro sobre princesas.
- GINNY
- 25 de ago. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de ago. de 2022
"Não queria ser da realeza. Não queria ser Um. Não queria nem tentar.
Nem todas as garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria apenas ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar o seu namoro secreto.
Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa.
Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma..."

Uma das minhas metas para esse ano era retomar ao hábito de leitura, no ritmo que lia há anos atrás. Ler me conecta com a escrita, que tanto gosto por influência da minha mãe, me conecta com diferentes maneiras de enxergar o mundo em que vivemos, me conecta com a criatividade e me conecta, muitas vezes, com um mundo perfeito, que infelizmente, existem somente em livros. Ler me inspira, ler me inspira a sempre ser a minha melhor versão.
O amor pela leitura começou quando jovem, bem adolescente. E não poderia deixar de falar sobre o primeiro livro que me despertou essa vontade de desbravar o universo literário.
Se me perguntassem qual o meu livro favorito quando adolescente, a resposta seria a mesma de agora: A Seleção. Ou melhor, a trilogia de A Seleção. São três livros. Mas Virginia, qual seria o motivo para gostar tanto assim dessa trilogia?
E eu respondo. Porque A Seleção é muito mais que um livro sobre princesas.
A frase clichê sobre não o julgar um livro pela capa, nunca fez tanto sentido como para essa trilogia. Confesso que quando comecei a ler, pensei que seria algo leve, romântico, bem contos de fadas, exatamente o que a Virginia adolescente esperava viver, mas não. O livro retrata o romance de um príncipe e uma plebeia (e do seu ex namorado) mas quem pensa que a história é somente sobre isso, não entendeu a verdadeira mensagem que se é retratada.
Se me permito dizer, uma boa parte da adulta que me tornei hoje, é a partir desse enredo.
A Seleção se passa em um pós guerra, não é um livro de princesa, na verdade é um enredo sobre: sociedade dividida em castas que definem a sua profissão, desigualdade social, fome, pobreza, ataques rebeldes, pai chicoteando o filho, açoitamento público, machismo, educação, política e monarquia. A trilogia é um ensinamento para vida.
Se não tivesse cenas de romance entre os principais, seria um livro muito pesado e desafiador.
E falando sobre romance, o livro também nos mostra a importância de ter responsabilidade afetiva com quem se relaciona.
Eu amo a postura da protagonista, America, em relação a muitos assuntos e situações, a forma que ela nos chama atenção para temas importantes, não somente no livro, como no mundo em que vivemos atualmente. Mas me deixa muito descontente a maneira que ela trata o príncipe, Maxon. Sempre o deixando de lado. Sempre deixando o relacionamento dos dois em segundo plano. E fica bem óbvio a escolha de ambos desde o terceiro capítulo.
Desde o começo, America nos mostra como muitas vezes uma vida off-line pode ser muito melhor do que estar sendo vista. Mas também retrata o quão difícil é viver com pouco, com o básico e muitas vezes quase nada. A principal relata situações de fome, de frio e de injustiças passadas por ela e por conhecidos.
O quão importante é questionarmos a desigualdade social? O quanto o outro pode estar sofrendo enquanto muitas pessoas possuem até demais? E acreditem, no livro não é falta de trabalho da parte das pessoas com menos, é como no mundo em que vivemos, falta de oportunidade, falta de educação.
O livro retrata ataque de rebeldes que são contra a divisão de castas, assunto este que teria tudo para ser um plot twist perfeito se fosse o foco principal da história. Retrata como na maior parte das vezes a minoria, infelizmente, não tem voz, como não são ouvidos. Principalmente em situações que somente eles passam. Muito parecido com os tempos que estamos vivendo, não?
A história tem como base nos mostrar como é necessário falar sobre política, como é necessário não ser conivente com situações de injustiças.
O príncipe em muitos momentos é silenciado pelo pai controlador. Muitas vezes apanhando quando se opõe contra o rei e suas decisões. Também fica claro a questão do machismo, a própria seleção nos mostra isso, como uma mulher deve servir ao príncipe e quando não correspondido, é considerado adultério com cenas de açoitamentos em praça pública.
Apesar de tudo, o livro tem certos momentos fofos, principalmente com a irmã mais nova da principal. Segue um trecho quando a Selecionada faz um acordo com o príncipe, que se sua irmã chorar de alegria comendo as tortas de morango do palácio, ele a permitiria usar calças por uma semana. Já que as candidatas só usam vestidos.

A história tem o desenrolar muito bem construído e objetivo no primeiro livro e segue com o mesmo raciocínio para os livros seguintes da trilogia, A Elite e A Escolha, estes que irei falar em posts separados.
O livro foi escrito por Kiera Cass, em 2012, lançado pela Editora Seguinte no Brasil e tem 357 páginas.
Sabe-se que a Netflix comprou os direitos das histórias e está na fase de casting para o elenco do filme ou série. Com a adaptação, espera-se que seja abordado muito a questão das castas e torne a história ainda mais relevante para os dias atuais, não focando somente no triângulo amoroso que se faz presente.
Eu particularmente espero que o serviço de streaming faça um bom trabalho e não destrua todo o enredo como fez na adaptação de Instrumentos Mortais, de Cassandra Clare. Na plataforma é a série Shadowhunters: Os Intrumentos Mortais.
Espero que este post tenha despertado a curiosidade sobre essa trilogia que, para mim, é maravilhosa.
E você, leria A Seleção?
*Obs: no post não considerei os últimos dois livros, A Herdeira e A Coroa, pois narra outra história. E podem ou não serem lidos como continuação da trilogia
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