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A Seleção: muito mais que um livro sobre princesas.

"Não queria ser da realeza. Não queria ser Um. Não queria nem tentar.

Nem todas as garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria apenas ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar o seu namoro secreto.

Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa.

Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma..."

Uma das minhas metas para esse ano era retomar ao hábito de leitura, no ritmo que lia há anos atrás. Ler me conecta com a escrita, que tanto gosto por influência da minha mãe, me conecta com diferentes maneiras de enxergar o mundo em que vivemos, me conecta com a criatividade e me conecta, muitas vezes, com um mundo perfeito, que infelizmente, existem somente em livros. Ler me inspira, ler me inspira a sempre ser a minha melhor versão.


O amor pela leitura começou quando jovem, bem adolescente. E não poderia deixar de falar sobre o primeiro livro que me despertou essa vontade de desbravar o universo literário.

Se me perguntassem qual o meu livro favorito quando adolescente, a resposta seria a mesma de agora: A Seleção. Ou melhor, a trilogia de A Seleção. São três livros. Mas Virginia, qual seria o motivo para gostar tanto assim dessa trilogia?

E eu respondo. Porque A Seleção é muito mais que um livro sobre princesas.

A frase clichê sobre não o julgar um livro pela capa, nunca fez tanto sentido como para essa trilogia. Confesso que quando comecei a ler, pensei que seria algo leve, romântico, bem contos de fadas, exatamente o que a Virginia adolescente esperava viver, mas não. O livro retrata o romance de um príncipe e uma plebeia (e do seu ex namorado) mas quem pensa que a história é somente sobre isso, não entendeu a verdadeira mensagem que se é retratada. Se me permito dizer, uma boa parte da adulta que me tornei hoje, é a partir desse enredo.

A Seleção se passa em um pós guerra, não é um livro de princesa, na verdade é um enredo sobre: sociedade dividida em castas que definem a sua profissão, desigualdade social, fome, pobreza, ataques rebeldes, pai chicoteando o filho, açoitamento público, machismo, educação, política e monarquia. A trilogia é um ensinamento para vida.

Se não tivesse cenas de romance entre os principais, seria um livro muito pesado e desafiador. E falando sobre romance, o livro também nos mostra a importância de ter responsabilidade afetiva com quem se relaciona.

Eu amo a postura da protagonista, America, em relação a muitos assuntos e situações, a forma que ela nos chama atenção para temas importantes, não somente no livro, como no mundo em que vivemos atualmente. Mas me deixa muito descontente a maneira que ela trata o príncipe, Maxon. Sempre o deixando de lado. Sempre deixando o relacionamento dos dois em segundo plano. E fica bem óbvio a escolha de ambos desde o terceiro capítulo.


Desde o começo, America nos mostra como muitas vezes uma vida off-line pode ser muito melhor do que estar sendo vista. Mas também retrata o quão difícil é viver com pouco, com o básico e muitas vezes quase nada. A principal relata situações de fome, de frio e de injustiças passadas por ela e por conhecidos.

O quão importante é questionarmos a desigualdade social? O quanto o outro pode estar sofrendo enquanto muitas pessoas possuem até demais? E acreditem, no livro não é falta de trabalho da parte das pessoas com menos, é como no mundo em que vivemos, falta de oportunidade, falta de educação.

O livro retrata ataque de rebeldes que são contra a divisão de castas, assunto este que teria tudo para ser um plot twist perfeito se fosse o foco principal da história. Retrata como na maior parte das vezes a minoria, infelizmente, não tem voz, como não são ouvidos. Principalmente em situações que somente eles passam. Muito parecido com os tempos que estamos vivendo, não?

A história tem como base nos mostrar como é necessário falar sobre política, como é necessário não ser conivente com situações de injustiças.

O príncipe em muitos momentos é silenciado pelo pai controlador. Muitas vezes apanhando quando se opõe contra o rei e suas decisões. Também fica claro a questão do machismo, a própria seleção nos mostra isso, como uma mulher deve servir ao príncipe e quando não correspondido, é considerado adultério com cenas de açoitamentos em praça pública.

Apesar de tudo, o livro tem certos momentos fofos, principalmente com a irmã mais nova da principal. Segue um trecho quando a Selecionada faz um acordo com o príncipe, que se sua irmã chorar de alegria comendo as tortas de morango do palácio, ele a permitiria usar calças por uma semana. Já que as candidatas só usam vestidos.

A história tem o desenrolar muito bem construído e objetivo no primeiro livro e segue com o mesmo raciocínio para os livros seguintes da trilogia, A Elite e A Escolha, estes que irei falar em posts separados.

O livro foi escrito por Kiera Cass, em 2012, lançado pela Editora Seguinte no Brasil e tem 357 páginas.

Sabe-se que a Netflix comprou os direitos das histórias e está na fase de casting para o elenco do filme ou série. Com a adaptação, espera-se que seja abordado muito a questão das castas e torne a história ainda mais relevante para os dias atuais, não focando somente no triângulo amoroso que se faz presente.

Eu particularmente espero que o serviço de streaming faça um bom trabalho e não destrua todo o enredo como fez na adaptação de Instrumentos Mortais, de Cassandra Clare. Na plataforma é a série Shadowhunters: Os Intrumentos Mortais.

Espero que este post tenha despertado a curiosidade sobre essa trilogia que, para mim, é maravilhosa. E você, leria A Seleção?

*Obs: no post não considerei os últimos dois livros, A Herdeira e A Coroa, pois narra outra história. E podem ou não serem lidos como continuação da trilogia

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